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Evento contou com a participação de 30 países e teve como foco a apresentação de projetos envolvendo a conservação da biodiversidade, a oferta de serviços ecossistêmicos e estratégias de mitigação e adaptação em lagos e zonas úmidas globais_Divulgação GRMA
Em dezembro, a iniciativa da Grande Reserva Mata Atlântica participou da 16ª Conferência da Rede dos Lagos Vivos, realizada entre os dias 6 e 8, na cidade de Puno, no Peru.
Foram representados no evento 30 países, que teve como foco a apresentação de projetos envolvendo a conservação da biodiversidade e a oferta de serviços ecossistêmicos, estratégias de mitigação e adaptação em lagos e zonas úmidas em relação ao impacto gerado pela intensificação dos efeitos causadores das mudanças climáticas.
O Lagos Vivos é uma rede internacional coordenada pelo Global Nature Fund (GNF) para melhorar a proteção, restauração e reabilitação de lagos e zonas úmidas em todo o mundo. A GNF busca parcerias com tomadores de decisão, comunidades e empresas privadas para preservar a qualidade e a quantidade de água em lagos, pântanos e outros corpos d’água, bem como sua biodiversidade por meio do uso e desenvolvimento sustentável.
O Brasil foi representado por apenas duas instituições, sendo uma delas a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental). Neste evento, foi possível compartilhar experiências especialmente sobre a Grande Reserva Mata Atlântica, apresentada como um case capaz de inspirar outras ações semelhantes no mundo.
A Grande Reserva Mata Atlântica é uma região de rara beleza que abriga o maior trecho contínuo remanescente deste bioma no mundo. Ainda mantém quase toda sua diversidade de ambientes e espécies da fauna e da flora, além de sua riqueza cultural e histórica. A delimitação deste território leva em consideração o habitat de espécies “topo de cadeia” como a onça-pintada, que precisam de grandes extensões ininterruptas de floresta para sobreviver. Desta forma, este exuberante maciço é composto por 2,7 milhões de hectares de florestas e outros tipos de vegetação e conta ainda com 2,2 milhões de hectares de área marinha. Cerca de 1,4 milhão de pessoas vivem nos 60 municípios que compartilham este gigantesco patrimônio localizado entre os estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Além de sua relevância internacional, é uma excelente oportunidade para o fortalecimento de uma economia restaurativa no Brasil.
A principal intenção do encontro foi o estímulo à promoção da conservação e da proteção dos recursos naturais, principalmente, os relacionados aos reservatórios de água potável da terra. A ONU aponta que existem hoje cerca de 2,2 bilhões de pessoas que sofrem com a escassez de água ou com a má qualidade do recurso.
Para Ricardo Borges, coordenador de comunicação e articulação da Grande Reserva Mata Atlântica, a participação no evento foi uma excelente oportunidade para compartilhar com diversos profissionais de vários cantos do mundo o trabalho que estamos realizando no Brasil. “Além de ser importante promover a Mata Atlântica como um lugar único no mundo, também é muito gratificante saber que as metodologias que estamos utilizando por aqui, especialmente na formação e no fortalecimento da nossa rede, são do interesse das pessoas e podem ser replicadas em outros lugares. Da mesma forma, é muito importante saber o que outros países estão fazendo e como vêm buscando soluções, pois, especialmente na América Latina, muitos dos nossos desafios envolvendo a conservação da natureza e da cultura local e a promoção de modelos de desenvolvimento mais sustentáveis são comuns a todos nós”, apontou.
Como resultado da Conferência, os mais de 150 participantes assinaram a Resolução da Conferência, que expõe claramente os problemas das zonas úmidas e lagos do mundo, conclamando os governos, a comunidade internacional, a sociedade civil, a academia e o setor privado a implementar medidas urgentes e ações coordenadas voltadas para a Conservação da biodiversidade dos lagos, bem como dos serviços ecossistêmicos que os lagos fornecem; para a preservação da água doce; para restaurar ecossistemas degradados ou ameaçados de lagos e zonas úmidas; melhorar a vida das comunidades locais; e alcançar acordos para o uso sustentável e desenvolvimento de ecossistemas.
O encontro foi apoiado organizado pelo Lagos Vivos, Global Nature Fund e pela ALT (Autoridade Binacional Autônoma do Lago Titicaca) e foi patrocinado pelos Ministérios de Relações Exteriores do Peru e da Bolívia, pelo PEBLT (Projeto Binacional Lago Titicaca, Município de Puno (Peru), pela Universidad Nacional de Juliaca e Universidad Nacional del Altiplano. Cabe ressaltar que este evento decorreu no âmbito do projeto International Climate Initiative (IKI), financiado pelo Ministério do Ambiente alemão que beneficia 10 países, entre os quais o Peru, que será executado em coordenação com o GNF.
Sobre a Grande Reserva Mata Atlântica
A iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica abrange um contínuo de dois milhões de hectares de Mata Atlântica ainda conservados entre os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Incorpora o conceito de “Produção de Natureza” como estratégia, na qual a manutenção de grandes áreas naturais bem conservadas e a presença de espécies emblemáticas, cultura regional e paisagens únicas, são os vetores para ações de desenvolvimento regional, com a geração de empregos e renda a partir de atividades de turismo de natureza aliado ao turismo cultural e histórico.
Reportagem: Claudia Guadagnin