Grande Reserva Mata Atlântica. Foto: Gabriel Marchi
A Mata Atlântica é realmente um dos ambientes mais notáveis em todo o mundo, e é nossa! Mesmo assim, continua sendo uma ilustre desconhecida da maioria dos brasileiros. Não à toa, faz muito tempo que utilizamos boa parte desta floresta e suas riquezas como produto de exportação. Talvez tenhamos vendido ela barato demais. Como resultado, a maior parte das pessoas, hoje, vive no que um dia foi a Mata Atlântica, mas que há muito tempo já perdeu a sua essência. De forma inusitada, foi justamente entre algumas das maiores cidades do Brasil, São Paulo, Curitiba e Joinville, que permaneceu vibrante e esplendoroso o maior contínuo de Mata Atlântica do mundo. Com seus quase três milhões hectares e compartilhado por 60 municípios está a Grande Reserva Mata Atlântica, o local que nos oferece ainda hoje a oportunidade de conhecermos e nos reconectarmos com o que um dia foi toda a costa brasileira. E quem mantém este paraíso vivo são os próprios moradores, guardiões de culturas ancestrais e saberes que estão cada vez mais escassos em nossa sociedade. São comunidades que contam muito da própria história do nosso país, entre comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras, comunidades ribeirinhas, cada qual profundamente conectada com seu território e tendo neste ambiente a fonte de seus pratos típicos, suas lendas e seus saberes. Vale lembrar que a forma ideal de visitar lugares especiais como esses é levando à risca a prática de um turismo mais sustentável. O ecoturismo, em sua essência, busca atividades que gerem um maior impacto positivo do que negativo em um destino. Esta é a combinação que garante que não só nós, mas as próximas gerações também tenham a oportunidade de usufruir deste patrimônio. Convenientemente, esta também é a alternativa mais lucrativa para quem recebe esses visitantes, já que sua atividade está garantida enquanto houver interessados em conhecer estas belezas. Exemplos como esses tornam mais tangível a busca por práticas verdadeiramente sustentáveis. A pandemia já parece ter ficado no passado, mas a nossa necessidade de nos desconectarmos da intensa rotina e nos reconectarmos com a natureza ainda é uma realidade e, esta sim, veio para ficar. Ir para a natureza é cuidar da nossa própria saúde e bem-estar. Além disso, quando viajamos, estamos em busca de uma satisfação pessoal, que aumenta ainda mais se soubermos que nossa visita está contribuindo para proteger estes lugares e para gerar renda e empregos para os moradores.Grande Reserva Mata Atlântica. Foto: Priscila Forone
A lista de possíveis roteiros é surpreendentemente extensa. Que tal vir para o Paraná e conhecer o Ekôa Park em Morretes, um espaço que oferece aos visitantes uma imersão sem igual na natureza, localizado na cênica estrada da Graciosa, uma das mais lindas do Brasil. Ou ir para Santa Catarina, para um município como Schroeder, que respira a cultura alemã e um cardápio diversificado de atrativos e atividades, entre elas a belíssima Estrada Rio do Júlio. Ou ir a São Paulo, conhecer o incrível Vale do Ribeira, que oferece Parques Estaduais com infraestrutura muito acima da média nacional, além de ser o local ideal para o Turismo de Base Comunitária, como na Ilha do Cardoso em Cananéia, por exemplo. A fórmula de promover o progresso utilizando de forma sustentável e prolongada nossos recursos mais valiosos não é nenhuma novidade e já funciona em muitos lugares do mundo. O Brasil parece ainda não ter despertado para seu enorme potencial para o turismo de natureza. Esta atividade poderia estar contribuindo com uma significativa fatia do PIB nacional, promovendo o desenvolvimento de forma positiva e responsável e ainda ser uma importante vitrine internacional para nosso país. Naturalmente, desafios como esse não se resolvem do dia para a noite, mas podemos começar fazendo nosso dever de casa. É preciso conhecer para então amar e ter orgulho do que é nosso. Fonte: OECO